quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

Nesta postagem quero fazer uma síntese da interdisciplina de Artes VISUAIS deste semestre. O que tenho aprendido até aqui o que tenho levado à minha prática e principalmente as dificuldades que tenho encontrado na realidade da sala de aula e comunidade escolar como um todo.
Logo nas primeiras atividades práticas, bloco um, temática dois, que foi fazer uma interpretação crítica e análise artística da obra de Velázquez “Meninas”, aprendi muitas coisas que mesmo sendo professora eu não tinha se quer idéia. Olhar uma obra com uma visão artística eu não sabia e hoje mais do que ter esta concepção, trabalho com meus alunos com releituras e interpretações de obras de arte e artistas. Os alunos hoje fazem releituras e vêem as obras de arte com outros olhos, entendem as aulas de artes não como uma aula para se descansar, passar o tempo e distrair-se ou desenhar. Até por que alguns alunos não gostam de desenhar e por isso vêem as aulas de Educação artística como algo chato e sem valia. Acho que estou conseguindo transmitir a idéia de aulas de arte como aquisição de conhecimentos e culturas. Compreender um pouco da História da arte no Brasil e suas metodologias: tradicional, da escola nova, tecnicista e a proposta triangular, deixaram-me mais segura e com uma visão maior em relação a esta disciplina. Acredito que muitos professores, como eu, estão trabalhando artes nas escolas e não possuem a formação necessária para tal, têm muitas dificuldades para transpor os preconceitos e desafios que surgem no caminho. Uma destas é o próprio preconceito vivido entre nós colegas e de uma forma ou de outra isto é transmitido aos alunos e pais, quando um aluno não tira uma nota satisfatória nesta disciplina , todos ficam espantados por que afinal é artes. E se tiram nota boa, não é reconhecido méritos por que afinal é artes. Muito válida Miriam Celeste Martins (2002) quando reflete sobre o conhecimento de arte que entrou na escola, e que concepções de arte fundamentam os currículos e as propostas de ensino ao questionar se realmente o ensino das artes entrou mesmo nas escolas. Para Hernández, 2000: “Uma proposta de ensino multicultural deve preocupar-se em compreender os objetos estéticos dentro de sistemas simbólicos culturais mais amplos, dando lugar às abordagens contextualistas, instrumentalistas e interdisciplinares para o estudo da arte”. Barbosa, 1998, apresenta a necessidade de discutir alguns tópicos para chegarmos à desmistificação de muitos preconceitos:
A função da Arte em diferentes culturas;
O papel do artista em diferentes culturas;
O papel de quem decide o que é Arte e o que é Arte de boa qualidade em diferentes culturas.
Estas discussões contribuiriam para:
Respeito às diferenças;
Reconhecimento de manifestações culturais que não se encaixam no sistema de valores que subscrevemos;
A relativização de valores em relação ao tempo
Por isso é tão difícil trabalhar a arte enquanto cultura em uma sala de aula, trata-se de trabalharmos questões de valores e aí estamos sozinhos plantando sementes.
Na temática quatro, há uma proposta para direcionarmos nossos objetivos no conteúdo de artes: “Aprender com eles, do “mundo” que representam, e da vida das pessoas que se relacionam com eles. Na educação escolar é necessário realizar essa empreitada a partir de um cruzamento de olhares. Os do passado e os do presente, que se refletem e se projetam nas imagens objetos e tema de pesquisa (sempre em grupo e em relação, nunca isolados) da época ou da sociedade, para organizar os diferentes olhares a partir de conceitos-chave”.
O que de mais significativo e visível em minha mudança de comportamento devido ao conhecimento que adquiri nos textos que li e atividades realizadas foram sentidos pelos alunos, pois as atividades passaram a ser direcionadas com temas e objetivos claros dentro de propostas instigantes a partir de introduções que fazem sentido para eles no tempo, espaço e intenção da cultura de artes. Ter consciência da visão de cada artista e de vários artistas em um mesmo foco e mesma proposta, que realizam obras de artes únicas e originais, desperta para a questão de respeitar as diferenças entre eles enquanto alunos e pessoas que tem visão única até mesmo em relação há um mesmo objeto ou ponto de vista.

Desenvolvi a seguinte atividade com meus alunos de 2ª série:

Objetivos: Desenvolver a consciência crítica em relação às obras de arte e o fazer artístico.
Conhecer obras de artistas conceituados e clássicos e reconhecerem-se enquanto artistas de suas próprias obras de arte, criando e recriando as imagens fazendo a releitura das mesmas.
*Observaram nas revistas da biblioteca, diferentes obras de arte conceituadas, a que mais lhe chamou a atenção e fizeram a releitura da mesma, identificando-a com o título, artista, características da obra e período em que foi criada.
Após feita a releitura das obras de arte e devida identificação das mesmas, estas foram arquivadas e doadas para a biblioteca da escola como fonte de pesquisa e observação.
Compartilharam com os colegas as suas observações, ouvindo opiniões e críticas.
Nesta atividade percebi que as crianças obtiveram um novo conceito de arte, que tem o fator beleza e sim uma expressão artística de uma idéia, que mais vale o que se quer transmitir.

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